quarta-feira, 30 de julho de 2014

O historiador Dr. Luís Wilson

Por: Pedro Salviano Filho

(Coluna Histórias da Região - edição maio/junho de 2014  - Jornal de Arcoverde)

A foto da formatura do Dr. Luís Wilson, em 1940, no Recife. Especializou-se em oftalmologia.

            Em 2017 acontecerá o centenário de nascimento de Luís Wilson de Sá Ferraz. Ele foi um pesquisador incansável e deixou um legado de muitos registros históricos para a nossa região, hoje base fundamental para pesquisas.
            Filho do legendário Manuel (Noé) Nunes Ferraz, figura pitoresca, destacando-se como fazedor de frases de efeito que espalhava pelos seus negócios, despertando a admiração dos fregueses e visitantes.
            Boa parte dos 70 anos que viveu, Luís Wilson os dedicou a uma apaixonante pesquisa histórica da região, documentada nos seus muitos e importantes livros:

"Minha Cidade, Minha Saudade" (1972),
"Vila Bela - Os Pereira e Outras Histórias" (1974),
"Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos" (3 volumes, 1978),
 "Ararobá, Lendária e Eterna - Notas para a História de Pesqueira" (1980),
Município de Arcoverde, cronologia e outras notas” (1982),
"Roteiro de Velhos Cantadores e Poetas Populares do Sertão, Estado de Pernambuco" (1985) e
"Anísio Galvão e Outras Notas para a História de Pesqueira" (1986).

            Encontramos raras fotos do Luís Wilson. A primeira apareceu nesta coluna em 2011:http://goo.gl/Bs4gCt. As imagens mostradas nesta matéria foram gentilmente obtidas junto ao seu irmão Dr. Cleomadson Ferraz (com 87 anos de idade e residindo em Recife, em junho 2014).
            Diferentemente de Noé Nunes Ferraz, a quem Arcoverde prestou devidas homenagens comnome de ruahttp://goo.gl/2fte5a, restaurante do SESC com o nome Restaurante seu Noéhttp://goo.gl/xnHvF9 (reinaugurado em julho de 2012)  e nome de escolahttp://goo.gl/WJ7KzQ ehttp://goo.gl/92WvWo, o seu filho Luís Wilson, tem em Arcoverde, apenas a denominação do praticamente desconhecido “Campus Universitário historiador Luís Wilson de Sá Ferraz”, da AESA - Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde,  homenagem da Prefeitura e Câmara Municipalhttp://goo.gl/WyH7ZY. Já a Prefeitura e Câmara Municipal de Pesqueira o homenagearam com a Rua Historiador Luiz Wilson de Sá Ferraz, no Bairro Pedra Redonda, enquanto em Recife o Centro de Estudos de História Municipal da F.I.A.M., em 22 de maio de 1992, colocou-o na galeria dos historiadoreshttp://goo.gl/YxHZAr. Em 29 de novembro de 1989, através da Lei 15.298, ele recebia outra homenagem póstuma com o Posto de Saúde Deputado Luís Wilson, também em Recife.
            Em 1992, cinco anos após sua morte, 34 pessoas colaboraram para a escrita da sua biografia, num livro organizado por José Otávio Cavalcanti, intitulado “Luís Wilson. Uma biografia”.
            Da matéria “Luís Wilson. Um personagem”, deste livro e também do mencionado José Otávio destacamos alguns textos:
            «...Seu falecimento ocorrido em 7 de dezembro de 1987, foi profundamente lamentado por toda a sociedade pernambucana. especialmente no meio intelectual, por ter fartamente enriquecido com um sem número de contribuições. (...) Luís Wilson nasceu em 18 de agosto de 1917, em Vila Bela, antiga denominação da atual cidade de Serra Talhada. Esse era o nome da montanha cortada a prumo, pertencente ao sistema da Borborema, à margem direita do Rio do
Feiticeiro (o Rio Pajeú) e da velha fazenda do português Agostinho Nunes de Magalhães, origem daquela tradicional cidade.
            Seus pais Manuel Nunes Ferraz e Maria Licor Pereira Ferraz mudaram-se para Arcoverde, então conhecida pelo nome de Rio Branco, fazendo-se acompanhar dos filhos, inclusive Luís Wilson.
            O velho Manuel Nunes Ferraz instalou a princípio, a Padaria Confiança, e posteriormente, o Bar e Sorveteria Confiança. O bar tinha uma feição original, com as paredes cheias de frases engraçadas, o que aliado ao espirito comunicativo do dono, sempre tendo uma rápida e espirituosa solução para qualquer problema, tornou-o figura popular na cidade e circunvizinhanças, ficando conhecido pelo apelido de "Seu" Noé. (...)           
A verve era muita, porém escassa a pecúnia. Aquele tipo de comércio numa longínqua cidade do interior, e sobretudo. numa tão remota época, era de precária rentabilidade. Nessas condições, a formação letiva e profissional de Luís Wilson foi muito custosa para as modestas posses dos pais; conta-se que numa de suas férias escolares, sua mãe, D. Licor, temendo a descontinuidade dos estudos do filho, desfez-se de um dos poucos e pequenos imóveis que possuía.
            Em seguida à sua alfabetização, foi para o Colégio Diocesano de D. José Antônio de Oliveira Lopes, 1° Bispo de Pesqueira, onde fez o curso primário. Estudou o curso secundário no Instituto Carneiro Leão, no Recife, e parte desse curso no Ginásio Diocesano de Garanhuns.
            Ingressou na Faculdade de Medicina do Recife. tendo sido concluinte da Turma de 1940.
            Iniciou a atividade médico-profissional em Sertânia, antiga Alagoa de Baixo, pelo breve espaço de 5 a 6 meses, para em seguida setransferir para Pesqueira, onde clinicou de 1941 a 1947.
            Daí veio para o Recife, onde após vários cursos, adotou a oftalmologia como sua atividade profissional. Nesse campo teve grande interesse pelo tracoma, para o que esteve no Rio de Janeiro, onde frequentou curso de especialização a respeito, e sobre o que escreveu vários trabalhos. A incidência maior dessa infecção se fazia principalmente, nas populações pobres do Sertão, talvez a razão primordial do seu interesse, já que seu labor médico esteve sempre voltado para os desa­fortunados.            
Do seu currículo médico ainda constam, entre outros, os de Oftalmologista do Departamento de Saúde Pública, de Diretor do Sanatório Padre Antônio Manuel.
            Nesse saudoso companheiro integravam pari passu, o escritor, o pesquisador, o genealogista, o folclorista e o telúrico».
            Ainda no “Luís Wilson. Uma biografia”, pág.44.  Fernandes Viana define:
            «Seu estilo objetivo e ameno retrata o amorável daquele mundo e de sua gente. Feliz a terra que possui um filho para cantá-la. Se todas tivessem um Luís Wilson, o Brasil seria ainda maior e mais integrado. Seu livro vale o esforço com que você o plasmou. Ambos – você e Arcoverde, estão de alvíssaras».
            Mais artigos desta coluna: http://goo.gl/lWA4Hv


Foto no Diário de Pernambuco (dia 26 de outubro de 1978, secção C, pág.1), por ocasião do lançamento do 3o. volume do "Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos".

Noé Nunes Ferraz, figura popular de Arcoverde, pai do Dr. Luís Wilson.

Dr. Luís Wilson, sua mãe Maria Licor Pereira Ferraz e o primo Benedito Ferraz (falecido há 2 anos).
Outra foto no Diário de Pernambuco por ocasião de lançamento de mais um livro.

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